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17 de fevereiro de 2014

O PRIMEIRO LAMPEJO ESPIRITUAL DA META MAIS ELEVADA

FAÇO LEITURA DO TAROT E NUMEROLOGIA 015 981 09 65 94 E 15 996 46 63 25





Em Busca de uma Meta Mais Elevada

Em minha juventude, dos 14 aos 21 anos de idade, minha paixão era escalar montanhas. Comecei no Rio de Janeiro, escalando o Pão de Açúcar e outros morros, e, após alguns anos, fui buscando montanhas cada vez mais altas e mais difíceis de escalar. Assim, viajei por vários países da América Latina, buscando me realizar nas belas e imponentes montanhas da Cordilheira dos Andes. Minha última escalada foi a do Monte Aconcágua, que, com seus quase 7000 metros de altitude, é a montanha mais alta das Américas e uma das maiores do mundo. Devido às muitas tempestades de neve que enfrentamos, a escalada foi difícil e arriscada. Passamos quase um mês acampados no campo base, esperando por uma oportunidade de ascender ao cume. Do grupo de cinco, três ficaram muito doentes devido à altitude. Finalmente, o tempo abriu durante dois dias, e, junto de um grande amigo meu chamado Othon, consegui chegar ao topo do Aconcágua.
-17 I (depoimentos - CMTHK) Em Busca de uma Meta Mais Elevada (1808) (pn)2
Guru-sevananda Dasa, então Gustavo Moura, no topo do Aconcágua.
Durante a meia hora que passei sentado no cume, refletindo sobre o valor da vida e sobre a natureza da minha busca, perguntei a mim mesmo: “E agora, qual será a próxima meta?”.
O Primeiro Lampejo Espiritual
Após contemplar tal pergunta por alguns minutos, pensei: “Minha busca, na verdade, não é por montanhas. Mesmo que eu escalasse todas as montanhas do mundo, minha sede permaneceria insaciada. Tampouco estou buscando dinheiro, fama, poder ou conforto material. O que é que estou buscando, então? Eu não sei. Embora eu sinta esse vazio no coração, não consigo encontrar nada que possa preenchê-lo…”.
Foi então que, de repente, tive um interessante insight: “Preciso ir à Índia!”, pensei comigo mesmo. Por que a Índia? Eu mesmo não sabia a razão, mas, dentro de mim, ouvi esse chamado. E o mais interessante é que eu senti claramente que essa visita à Índia não seria para escalar os Himalayas, mas para buscar uma meta mais elevada até do que o monte Everest e, aliás, mais elevada que qualquer outra meta material. Meu raciocínio foi o seguinte: “Mesmo que um dia eu conseguisse escalar o Everest, tal experiência não seria tão diferente da que estou tendo aqui e agora, sentado no topo do Aconcágua. Apesar da sensação de uma nova conquista e de superação pessoal, ainda assim permaneceria insatisfeito. Todas as ditas conquistas neste mundo, por maiores que possam parecer, são efêmeras por natureza e não podem satisfazer o espírito. Portanto, minha viagem à Índia deve ser em busca de algo além das posses e vaidades mundanas. Preciso encontrar algo que realmente venha a saciar a sede da minha alma”.
Preparativos para a Viagem
Um ano mais tarde, após me graduar como oficial do exército pela Academia Militar das Agulhas Negras, comecei meus preparativos para a tão esperada viagem. Minha preparação era mais psicológica do que prática, uma vez que estaria indo sozinho e sem roteiro definido. Era uma verdadeira busca pelo desconhecido, sem ideia clara do que iria encontrar.
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Na formatura da Academia Militar das Agulhas Negras.
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Com um amigo sobre um tanque M-60 quando ainda comandante de pelotão de tanques em Rio Negro, PR.
Providencialmente, nas semanas que antecederam minha viagem, ganhei dois livros de presente: minha tia Sheila me deu uma biografia condensada de Srila Prabhupada, o fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna (ISKCON), e um amigo me presenteou com um livro escrito por Srila Prabhupada entitulado Além do Nascimento e da Morte. Esse mesmo amigo, então, me levou para conhecer Nova Gokula, a principal comunidade Hare Krishna da América do Sul, e lá comprei um Bhagavad-Gita Como Ele É. No final da visita, uma das devotas residentes de Nova Gokula, chamada Eka Murti Devi Dasi, me ensinou a cantar o maha-mantra Hare Krishna e me presenteou com uma japa-mala (um tipo de rosário) para que eu pudesse recitar o mantra durante minha viagem.
Coincidências ou Guiado pela Mão Divina?
O voo de Guarulhos para Nova Delhi fazia escala em Londres, onde passei três dias antes de seguir viagem. Aproveitei para conhecer um pouco dessa histórica cidade e também para procurar um bom guia de viagem sobre a Índia. Após tê-lo comprado, notei que o autor era um discípulo de Srila Prabhupada. “Mais uma vez, esse guru indiano está cruzando o meu caminho”, pensei comigo mesmo. Uma vez no voo para a Índia, tive como passageiro vizinho um senhor indiano que ficou um tanto intrigado com meu interesse em visitar o seu país. Ao perceber a natureza espiritual da minha busca, ele aconselhou: “Não perca tempo em Delhi, que é uma cidade muito grande e caótica, como tantas outra no mundo. Pegue um  táxi do aeroporto e vá diretamente para Vrindavana, que é o local onde Krishna nasceu. Lá você vai encontrar o que está buscando”.
Olhando o mapa e lendo um pouco sobre Vrindavana em meu guia de viagem, achei que seria um bom local para iniciar minha busca e resolvi seguir seu conselho. Sendo um viajante inexperiente, havia esquecido de perguntar onde me hospedar, mas o taxista que me levava não teve dúvida: “Vou te deixar no Angreji Mandir (o templo dos gringos). Assim, por arranjo da providência, fui deixado no portão do Krishna-Balarama Mandir, o templo estabelecido por Srila Prabhupada em Vrindavana.
Logo ao cruzar o portão, conheci um monge italiano chamado Sada Shiva, que morava em Vrindavana há muitos anos e cujo serviço no templo era tocar um instrumento chamado harmônio e cantar omantra Hare Krishna várias horas por dia. “Seu único serviço é cantar?”, perguntei curioso. “Sim, esse cantar é o melhor serviço que se pode prestar a Deus nesta era. Nós chamamos esse processo dekirtana e temos um grupo que reveza para manter os santos nomes ressoando na sala do templo 24 horas por dia”, explicou meu novo amigo. Esse devoto me ajudou de muitas maneiras práticas, como para conseguir acomodação e alimentação no templo, e também respondeu muitas de minhas perguntas filosóficas e curiosidades culturais. Além disso, ele me apresentou ao líder do seu grupo, chamado Aindra Prabhu, pedindo que eu pudesse participar no Kirtana 24 Horas. Daí ele me ensinou a tocar karatalas (címbalos de mão) para que eu pudesse acompanhá-lo quando era o seu turno de cantar. Eu não era um devoto, era um viajante aventureiro, vestido em calça jeans e carregando minha bagagem em uma mochila de alpinista. Por trás dessa carapaça, contudo, era uma pessoa ávida por respostas que justificassem minha própria existência.
Agora que o destino tinha me levado a esse templo em Vrindavana, eu estava curioso por entender o estilo de vida e a filosofia dos devotos de Krishna, mas, ao mesmo tempo, eu jamais poderia me imaginar vivendo como um deles. O contraste com meu estilo de vida e com minha identificação como um militar era muito grande. Além disso, suas práticas diárias, como a de acordar às 3 horas da madrugada, tomar banho frio, meditar por mais de duas horas, seguir diversos princípios reguladores etc., me pareciam demasiadamente austeras.
Sada Shiva Prabhu me guiou pelos principais templos de Vrindavana e por vários outros locais sagrados de Vraja, levando-me para fazer o parikrama (circum-ambulação) da colina de Govardhana, com direito inclusive a banho no mais sagrado dos lagos, o Radha-Kunda. Dessa forma, passei uns dez dias em Vraja, intensamente absorto em cantar os santos nomes, peregrinar e tomar muita maha-prasada. Embora eu não tivesse plena consciência da importância do local onde estava, depois dessa visita minha vida jamais seria a mesma.
Perder para Reencontrar
Quando decidi seguir viagem para conhecer outras partes da Índia e visitar templos de outras tradições religiosas, meu amigo Sada Shiva ficou muitíssimo desapontado. “Para que visitar o Taj Mahal? É apenas um túmulo. E quanto a outros grupos religiosos, certamente você poderia visitar muitíssimos templos na Índia, mas Vrindavana é a terra de Krishna, o local mais importante para todos os devotos. Fique aqui morando conosco. Você pode simplesmente passar a vida cantando Hare Krishna e assim desenvolver amor puro por Deus”.
Com argumentos desse tipo, Sada Shiva Prabhu tentou me convencer a largar tudo e ficar em Vrindavana. Eu respondi dizendo que não era um devoto de Krishna e que queria conhecer também os budistas, Sai Baba (um famoso místico que vivia no sul da Índia naquela época) e rodar pela Índia buscando respostas para as minhas perguntas. Eu estava muito agradecido pela sua hospitalidade e tinha aprendido muitas coisas, mas precisava continuar minha viagem. Afinal, tinha apenas um mês de férias e, depois, teria que me apresentar no Regimento de Cavalaria em Rio Negro, no Paraná, para iniciar minha carreira como oficial do exército.
Ao me despedir de meu amigo, que era tão italiano quanto era monge Hare Krishna, Sada Shiva Prabhu disse: “Adesso puoi andare via, poi piangerai di avere lasciato Vrindavana” (Agora você pode ir embora, mas um dia irá chorar com saudades de Vrindavana). Suas palavras proféticas ecoariam mais tarde em minha mente, quando pudesse avaliar a boa fortuna que tive de peregrinar pela terra de Krishna.















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