DE FRAGMENTADOS A INTEIROS
Investigações adicionais sobre a oposição Plutão/ Sol Negro ao longo de 2014
Sarah Varcas
Sendo um momento de oportunidade, no qual podemos experimentar tudo o que somos em nossa totalidade autêntica, o Sol Negro exige que acolhamos não só aquilo com que escolhemos nos identificar, mas também o que preferimos ignorar sobre nós mesmos! Existem vários graus deste processo, e é preciso que não poupemos esforços na exploração dos recessos e periferia da nossa consciência. Podemos encontrar resistência interna diante da perspectiva dessa exploração, preferindo nos concentrarmos na autoestima, num mundo que frequentemente nos diz que não somos suficientemente bons, eficientes, atraentes, etc… e percebendo a investigação das nossas sombras como algo punitivo ou desnecessariamente negativo. Mas autoestima sem autoanálise pode facilmente escorregar para o narcisismo, assim como autoanálise sem autoestima pode se transformar em autodepreciação. O caminho através do Sol Negro requer honestidade rigorosa; não culpa, recriminação ou punição, mas simplesmente a honestidade que nos possibilite acolher tudo o que nós somos, no maior ato de amor que um ser humano pode conhecer: aquele que nos transforma de fragmentados em inteiros e leva tudo para a luz da consciência de uma vez por todas.
É um processo de humildade que requer nossa disposição de enxergar em nós mesmos aquilo que até agora só conseguimos ver nos outros. Pois aquilo que percebemos como estando fora de nós geralmente é um reflexo do que se encontra nas profundezas escuras da nossa própria psique. Não é um caminho para os fracos de coração, embora todos os corações sejam bem-vindos e até a mais tímida olhadela para a escuridão do Sol Negro possa desencadear um processo de mudança do tipo que raramente, ou nunca, encontramos.
Enquanto Plutão forma sua oposição em fevereiro de 2014, Júpiter está em conjunção com o Sol Negro, e Vênus em conjunção com Plutão. Aqui temos uma bênção cósmica sustentando todas e cada uma das pessoas que ousarem olhar para dentro de si mesmas e ver o que e quem vive lá dentro. O grau em que o Sol Negro se encontra – 13º grau de Câncer – é identificado por Dane Rhudyar, astrólogo e comentarista dos Símbolos Sabianos, como aquele que requer “grande força de vontade”. Portanto, não é de se surpreender que, neste momento de enormes mudanças, encontremos o Sol Negro aqui, onde ele permanecerá até meados do século XXI. Esta “grande força de vontade” deve ser usada para nos capacitar a atravessar este processo de transformação sem trapaças ou os autoenganos habituais, que nos mantêm a salvo em nossa própria complacência.
Esta vontade não é aquela do ego que diz: “Vou ofuscar o Sol Negro para deixá-lo sem ação, inflando os aspectos de mim mesmo que estou feliz de possuir, diante do seu convite para me observar mais profundamente.” Não, esta é a vontade do Divino dentro de nós, que nos chama eternamente para a totalidade a qualquer custo. A vontade do Divino está aí para que a assumamos como nossa e entremos na escuridão libertadora. Uma vez que estejamos alimentados por essa vontade, não haverá mais nenhuma necessidade de ocultar nada, pois reconheceremos que, em nossa integralidade, estamos totalmente presentes e inegavelmente inteiros, independentemente de qualquer coisa.
Neste ano, aquele que escolher o caminho através do Sol Negro, tendo em vista o nascimento de uma totalidade profunda, rica e integrada, deve estar preparado para responder algumas perguntas:
· Até que ponto eu defino o amor de acordo apenas com o que sinto que seja correto?
· Até que ponto eu abraço o caminho espiritual em busca de um resultado que não seja o de conhecer minha própria essência?
· Até que ponto eu igualo “espiritual” a “especial”, enxergando minha vida como ligeiramente superior a daqueles que considero que não têm tal orientação?
· Em resumo: até que ponto eu permito que o ego molde meu caminho, mesmo quando percebo que ele está sendo moldado por algo totalmente diferente?
· Quando e como eu confundi Ego com Essência e construí uma vida espiritual não baseada na verdade incondicional, mas numa crença condicionada e estereotipada, independentemente de quão “alternativa” essa crença possam ser?
Ao nos encontrarmos na iminência da Era de Aquário, a contemplação dessas perguntas pode nos guiar para fora da sombra da Era de Peixes, da Vítima versus Salvador, do Especial versus Mundano, em direção à mensagem aquariana de unidade, igualdade e aceitação do interior e exterior. Quanto mais capazes formos de ancorar essas qualidades na consciência coletiva neste momento, mais capazes seremos de evitar a sombra aquariana do esnobismo, no devido tempo!
Sarah Varcas
Tradução de Vera Corrêa veracorrea46@ig.com.br
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