Uma ilustração de como os três modos controlam as pessoas em gerale de como Krishna está acima da influência dos mesmos.
No capítulo dois do Bhagavad-gita, Krishna usa o termo nitya-sattva-sthah, que significa “permaneça sempre sob a influência da bondade” porque somente a influência da bondade pode nos libertar da matéria tornando-nos mais felizes mesmo enquanto ainda em contato com este mundo material. Podemos observar na nossa vida cotidiana que, apesar de estarmos cantando Hare Krishna por tantos anos, o maior de todos os mantras, não nos situamos em bondade (sattva), o efeito esperado, nem se manifestam os sintomas mais elevados de avanço espiritual. Somos afetados constantemente pelos gunas inferiores, e, por isso, nosso avanço espiritual acontece muito lentamente.
Há alguns anos, tive o privilégio de ouvir uma aula de Purushatraya Swami no templo de Krishna Balarama em Vrindavana. Fiquei muito orgulhoso e satisfeito ao ver um sannyasi guru brasileiro pregando ali e nos representando com tanto respeito no meio de tantos devotos seniores evrajavasis. Não lembro exatamente de detalhes, mas o momento da aula que me chamou muito a atenção foi quando ele disse que a vida espiritual começa a acontecer depois dos 50 anos ou, se não estou enganado, 60 anos. Achei essa colocação audaciosa e intrigante e, depois de refletir, concluí que realmente é um fato que, depois de certa idade, quando os cabelos brancos começam a aparecer, há mais facilidades para nossas paixões ou desejos se aquietarem e passamos a valorizar o equilíbrio, a harmonia, o silêncio, o estudo, a escrita e a introspecção, todos advindos de sattva-guna.
Volta ao Supremo: Qual a estrutura do livro?
Rama Putra: Tive a preocupação de sistematizar o tema dos gunas conectando cada capítulo dentro de três seções ou três unidades. Na primeira seção, podem-se observar definições e aspectos importantes para haver um entendimento básico sobre os gunas. Na segunda, o leitor pode se aprofundar na filosofia do Bhagavad-gita especificamente na questão prática do conhecimento dos gunas. Achei importante explorar o Bhagavad-gita, pois percebi que esse tema foi colocado como sendo o mais importante, com muitas citações nos capítulos correntes. Como eu disse a pouco, Krishna julgou esse tema tão importante para o benefício das pessoas em geral que dedicou todo o capítulo quatorze e também o dezessete e dezoito especialmente aos gunas.
É importante ressaltar e enfatizar também que toda temática foi alicerçada nos Vedas sem pretensão de demonstrar erudição, mas sim fomentar a reflexão. Procurei a neutralidade, evitando o tom político, apesar de a última seção do livro abordar a temática da sociedade védica. Enfim, senti-me aliviado e feliz, pois, no exercício da escrita deste livro, fiquei muito preocupado no que diz respeito à ética do escritor que deve valorizar as regras da escrita acadêmica dando os créditos de todos os autores mencionados. Agradeço à minha esposa Sri Damodara e a toda equipe da Sankirtana Books pelo auxílio nessa tarefa.
Volta ao Supremo: Você é conhecido por ser um especialista nos rituais védicos chamados samskaras. Qual é a relação deles com o tema do livro?
Rama Putra: Não me considero um especialista; se tiver méritos, eles se devem por eu seguir o procedimento dos samskaras da forma como Gopala Bhatta Goswami e Srila Prabhupada instruíram e com as bênçãos do meu mestre, Srila Hridayananda Dasa Gosvam
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