TODOS QUE AMAM

30 de março de 2014

PROCURA-SE DEUS

“Fui educado como episcopal, mas, entre as idades de doze e quatorze anos, fui sexualmente molestado por quatro padres. Como sobreviventes do holocausto, muitas crianças vítimas de abuso rejeitam Deus e a busca espiritual; especialmente quando aqueles que lhes abusam deveriam ser homens de Deus. Aos quinze ou dezesseis anos, eu deixei a igreja episcopal”.

Como uma criança nascida e criada na religiosa Tasmânia, eu estava convencido de que Deus queria que eu O servisse. Eu fui educado como episcopal, mas, entre as idades de doze e quatorze anos, fui sexualmente molestado por quatro padres. Em uma idade em que eu já experimentava um sofrimento sem precedentes, aqueles homens que deveriam me ensinar valores espirituais aumentavam meu sofrimento fugindo de seus papeis e princípios dentro da Igreja.
Como sobreviventes do holocausto, muitas crianças vítimas de abuso rejeitam Deus e a busca espiritual; especialmente quando aqueles que lhes abusam deveriam ser homens de Deus. Aos quinze ou dezesseis anos, eu deixei a igreja episcopal. Posteriormente, após uma breve leitura sobre a consciência de Krishna, meu estudo comparativo de religiões do ensino médio me levou para a Igreja Ortodoxa. Essa espécie de cristianismo oriental parecia remeter à igreja primordial, ao ascetismo como sintoma de busca sincera. Eu aceitei suas escrituras, intrigado com a ênfase que era dada ao celibato, à comunhão com Deus e ao vegetarianismo monástico.Como sobreviventes do holocausto, muitas crianças vítimas de abuso rejeitam Deus e a busca espiritual.
Meu interesse pelo cristianismo oriental, por sua vez, levou-me a conhecer o islamismo, com sua austera iconoclastia e ênfase na vida em comunidade. Ainda assim, o islamismo não respondia a todas as minhas perguntas. Quem é Deus? Como Ele é? Do que Ele gosta?
Eu também apreciei a meditação budista. O budismo era muito atrativo pela sua meditação e também pela ênfase dada para sanga, ou associação espiritual. A doutrina da transmigração da alma ainda era algo de outro mundo para mim, mas, curiosamente, a cada dia, eu a apreciava mais. Em minha mente, eu sempre me perguntava: “Se eu não conseguir estabelecer minha relação com Deus nesta vida, eu serei condenado ao inferno eterno?”. Eu ansiava por uma empolgante comunidade espiritual, o que eu não conseguia encontrar em minha Igreja Ortodoxa Russa.
Uma Revista e um Amigo
Muito do que eu ansiava consegui logo em meu primeiro contato com o movimento para a consciência de Krishna. Em 1977, comprei uma cópia da revista Volta ao Supremo em um restaurante de comida natural. O primeiro artigo que abri ao acaso falava sobre Srila Prabhupada. Eu li sobre como ele havia viajado para os Estados Unidos com apenas quarenta rúpias e um baú cheio de livros de temática espiritual. Eu já havia lido alguma coisa sobre os Vedas em meus estudos, e agora a revistaVolta ao Supremo estava me trazendo respostas muito reveladoras, baseadas nos Vedas, acerca do nome, identidade e personalidade de Deus. Eu sempre tive a sensação de que a noção de Deus trazida pela trindade cristã era algo um pouco incompleto. Quem é o Pai, afinal?
Fui até a biblioteca, então, e peguei o primeiro canto do Srimad-Bhagavatam. Eu imediatamente apreciei a abordagem da Verdade Absoluta feita por Shukadeva Gosvami.
Foi então que, aos dezessete anos, no último ano do ensino médio, peguei um avião e fui visitar o templo de Melbourne. Fiquei impressionado com as belas Deidades de Radha-Vallabha, osbrahmacharis entusiastas, a maravilhosa prasada. Mas eu ainda tinha comigo os vestígios de minha formação cristã, e saí do templo em lágrimas, confuso e sem saber o que fazer.
Todavia, porque de tempos em tempos eu pegava um livro de Srila Prabhupada para ler, minha atração por Krishna continuava a crescer, embora fosse um tanto passiva, por vir da cabeça e não do coração.
Isso mudou quando conheci Puri Dasa, um grande devoto que organizava um Festival de Domingo em seu pequeno apartamento. Sua compaixão e carisma e seu desejo de propagar a consciência de Krishna tocaram-me profundamente.
Antes Tarde do que Nunca
De alguma forma, contudo, eu não estava completamente preparado para me comprometer com a consciência de Krishna. Em 1982, após a morte de minha mãe, entrei para um monastério beneditino anglicano. Minha vida, de certa forma, espelhava a vida de brahmachari – acordava às três horas e meia da manhã, orava, meditava e estudava.
Eu passei um ano ali entes de retornar à Tasmânia para entrar na universidade, onde eu conheceria os devotos Hare Krishna em um curso de culinária. Eu fiquei sabendo, então, que havia um templo em Hobart. Eu passei a frequentar regularmente o Festival de Domingo e gostava muito das aulas do presidente do templo, Brihaspati Dasa. Para meu descontentamento, o templo fecharia em 1984, deixando-me sem a companhia dos devotos.
Continuei no caminho cristão pelos próximos dez anos, até que, em 1996, minha esposa e eu fomos passar nossas férias na Austrália. Um dia, cruzamos com alguns devotos que distribuíam flyersconvidando as pessoas a irem ao templo local, convite que logo acatamos. Eu soube que algumas famílias de devotos haviam se mudado para a Tasmânia, e então, voltando de viagem, almocei com eles.
Finalmente – antes tarde do que nunca –, com minha própria japa, eu passei a cantar os santos nomes regularmente e ir ao mangala-aratik que era observado na casa à beira-mar de uma família de devotos. Minha consciência de Krishna finalmente alçaria voo. Eu atribuo meu desejo de servir o Senhor como produto da misericórdia daqueles devotos, cujo amor, instruções, maravilhosa prasadae evidente amor por Prabhupada influenciaram-me de forma irreversível.
O meu cantar e outras práticas espirituais começaram a crescer gradualmente, e eu tentava levar cada vez mais a sério as instruções de Srila Prabhupada. Meu desejo de compartilhar esse conhecimento maravilhoso aumentou e juntei-me na pregação dos devotos, apresentando a consciência de Krishna em locais públicos e na casa de devotos e simpatizantes. Embora minha esposa não tenha acompanhado meu desenvolvimento dentro da consciência de Krishna, ela se tornou vegetariana e me apoia em minha jornada espiritual.
No ano 2000, visitamos Vrindavana-dhama. Fiquei impressionado com a maneira com que aquelas pessoas viviam de forma fiel à tradição védica. Eu vi babajis (renunciantes) abraçarem árvores sagradas e se banharem nos rios e lagos sagrados com grande respeito. No Krishna-Balarama Mandir da ISKCON, vi a devoção de centenas de pessoas às 4 horas da manhã esperando que o altar se abrisse para que pudessem ver as mais belas Deidades de todo o mundo. Eu sabia estar finalmente em casa – na casa que Prabhupada havia construído.
Recebi iniciação espiritual no Bhaktivedanta Manor naquele mesmo ano e entrei para uma nova família de irmãos e irmãs espirituais. Conheci devotos cuja seriedade na vida espiritual era autoevidente.
Após ter cozinhado por dois anos para Radha-Gopinatha na ISKCON Sidnei e ter desfrutado daquela extasiante comunidade, voltei para a Tasmânia, onde vivo.
Hoje, com uma bela filha, Lila Tulasi, o próximo capítulo de minha vida espiritual está em branco. Eu espero ver a comunidade de devotos crescer na Tasmânia e espero também poder ajudar a reabrir o templo que se fechou vinte anos atrás, para, assim, propagar ainda mais esse mundialmente conhecido movimento do cantar dos santos nomes do Senhor.

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